sábado, 4 de julho de 2015

Breve embarque





Ela sentou, colocou os fones e sua música preferida pra tocar, a partir de agora era seu mundo, as pessoas perdiam o foco de sua visão, a atmosfera mudava e só a paisagem era o que ficava. Os prédios misturavam-se, as pessoas viravam borrões e aos poucos tudo era transformado com sua pura visão. 

Olhos de menina que tudo sente, mas nada vê e que tudo o que vê, quer sentir. 
De súbito, seu olhar extintamente deitou sobre uns certos cabelos dourados que balançavam com o percorrer dos trilhos do trem, era curioso como eles dançavam no ritmo de sua música e a faziam querer dançar com eles. Congelou, o olhar dono dos cabelos dourados pousou sobre ela e tudo parou, a música descompassou, os borrões já eram formatos perfeitos e sua visão se concretizava fora de seus próprios desejos. Foram alguns minutos de cruzamento de olhares, alguns encontros e outros propositadamente disfarçados, era engraçado o modo como os cabelos dourados dançavam... 
Ele se levantou, a respiração dela parou, olhou pro chão, tentou se esforçar para espanto não demonstrar, então ele passou por ela, houve um breve toque em seus braços, ao roça-los ela sentiu os pelos dourados dançando sobre sua pele e a musica voltou a tocar, ela já não se importava mais, estava envolvida no toque esvoaçante e bailando com a empolgação, até que um ruído estranho ouviu, a porta se abriu, ele passou e ela ficou. Por onde foram os dançarinos dourados? 


Giovanna Lopes

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